quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Os artistas sob o foco dos seus próprios ollhos
Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray
domingo, 27 de dezembro de 2009
ONDJAKI
ESPERAR O VENTO...
cresce a manhã...
essa aquarela bruta
que cobra ao mundo os seus
nocturnos frios.
cresço de manhã...
a minha ramela emana
nua
o cobre do mundo
os seus amarelos tons.
de manhã
Deus distribui certeiramente
os seus castigos.
odores
cores
amores...
(...)
Deus:
também eu desejo
esse castigo azul...
III
não sei dizer este azul que encaminha
os céus...
sei respirá-lo intenso
na vibração densa, descompassada
dos olhos que se entornam nele...
não sei morrer noutra cor.
antes esta tonalidade
assim-breve
assim-escorregadia
desintegrando a noite
reinventando o dia.
e eu...
eu não sei escrever este azul
que dá luz á manhã...
IV
há no silêncio do ar
uma paz autorizada...
um murmúrio lírico
no renascimento
de cada momento.
o pássaro brinca entre uma nota de assobio
e um sopro de vento.
a borboleta adormece — encantada.
(...)
para haver paz
há que caminhar silêncios.
V
quero o aconchego
da sombra.
da árvore.
a sua frescura
a sua candura.
quero o seu caule
sólido
a maciez da sua seiva
a dureza da sua raiz.
quero a paz das suas folhas
deitadas
deleitadas
adormecendo — na paz do tempo.
VI
no cântico longínquo das nuvens
cresce uma andorinha branca.
deforma-se
o mundo
para uma nova densidade.
sorri
a primeira gota de chuva.
este cântico das nuvens é
um bramido suave
que adormece os olhos
os olhares
dos bichos.
a andorinha cessa o seu voar.
a nuvem cessa o seu cantar.
a gota de chuva
densa
despede-se do mundo...
e voa!
VII
só na ilusão da asa
o ser se sonha.
seu degredo. sua afluência.
quantas vezes
sem consciência.
só no silêncio da asa
o ser se sonha.
pouco enredo. pouca ciência.
raras vezes
em abstinência.
só na solidão da asa
o ser se silencia.
XII – vento
és a casa dos pássaros.
és o não-chão. nem tremor nem homens nem calor. és o
aéreo que encandeia as nuvens e, num passo gêmeo, as
conduz.
és sedução genuína nessa textura que usas no mar. os
pássaros te freqüentam erráticos porque também és o
eco da poesia — a estranha densidade de nada pisar.,
o não silencioso.
o silencioso.
és o deserto que chove sobre o mundo
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
O edifício do Hot Clube ardeu esta madrugada.
Com sessenta anos de idade e 48m2.
Por se tratar de uma situação de emergência, a EGEAC, a estrutura da Câmara de Lisboa que gere o Cinema São Jorge admite albergar o Hot Clube de Portugal temporariamente naquela sala de cinema.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Mª dos Caracóis e Isabel Andreia
Depois da azáfama dos trabalhos da escola, sem efeitos quânticos, passo só a adquirir energia em quantidades discretas, numa nova fórmula de matéria, até então desconhecida propriedade do meu ser. Vou finalmente relaxar na minha interacção com o mundo exterior…daí um grande abraço de saudades trsocas Roxa
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
A Noite Rimada
ia um menino sozinho
domingo, 11 de outubro de 2009
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
FERNANDO PESSOA
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa
domingo, 13 de setembro de 2009
Miguel Torga
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Clara Pinto Correia vai ser a próxima convidada do ciclo de palestras "Os Livros que estou a ler", no dia 15 de Setembro, pelas 18h30, na Casa Fernando Pessoa.
domingo, 6 de setembro de 2009
Morreu o pintor João Vieira, 1934-2009
Nascido em Vidago, Trás-os-Montes, em 1934, João Vieira ingressou em 1951 na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, onde frequentou os dois primeiros anos do curso de pintura.
“Embora gostasse de música, a pintura era a vida de João Vieira”
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
terça-feira, 1 de setembro de 2009
FERNANDO PESSOA
Poesia de Fernando Pessoa: Adiamento
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
domingo, 23 de agosto de 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
domingo, 26 de julho de 2009
Foi pintor romântico londrino. É considerado por alguns um dos percursores do Impressionismo, em função dos seus estudos sobre o sublime feito de cor e luz
Fernando CALHAU
(1948-2002)
No trabalho de Fernando Calhau, a diversificação dos meios é orientada por uma exigência de coerência conceptual no Sublime
quinta-feira, 23 de julho de 2009
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Escritor, argumentista, realizador e cantor português.
Assobiar é uma atitude de descontracção, em contrapartida neste livro por vezes sentimos a contracção dos nossos medos descritos de forma simples, onde os conceitos do quotidiano se misturam em velocidade com gestos simbólicos numa escrita livre, sem preconceitos. - *ROXA*
segunda-feira, 20 de julho de 2009
domingo, 12 de julho de 2009
A escola é funcional?
Onde estão as BOAS PRÁTICAS do Ensino,
Sociedade e Culturas. ???
Às vezes sinto-me perdida na escola; não pelos alunos, as crianças espelham o ambiente onde são educadas, mas pelo ambiente criado à volta da hipocrisia e burocracia que cresce ao longo do ano lectivo.
Na escola que se pretende aberta à comunidade, não existe uma verdadeira comunicação entre entidades! Onde falha a interacção que deve existir entre os comportamentos cívicos os valores e o bom senso?
Deixei de ter tempo para preparar visitas de estudo como gosto, de dar prazer aos alunos, sentir que tiram partido dos conhecimentos, responsabilidade, alegria de viver e da empatia que se cria fora das paredes da sala de aula, ser capaz de conciliar o trabalho da aula / escola.
O novo conceito de escola, é muitas vezes contraditório, das teorias pedagógicas ao ensino aprendizagem (aluno), até ás leis e normativos legais.
Do plano de actividades, à transversalidade entre as várias disciplinas, à calendarização, à materialização do elo professor / aluno / escola, dos suportes como prioridades orientadores de opções educativas, passando pelos documentos onde as ideias se organizam em função do trabalho com os alunos, que muitas das vezes divergem em contextos fora da realidade e…onde os problemas sociais são difíceis de trabalhar na sala de aula. Tendo a diferenciação dos alunos, origem em situações de pobreza persistente, reduzidos consumos culturais, grupos desfavorecidos e marginais, falta de cuidados básicos de higiene, situações de abuso e negligência, consumo de substâncias aditivas, famílias disfuncionais, ou problemas de discriminação racial ou social; tudo isto exige metodologias diferenciadas que devem ter em conta as dimensões da turma e as suas necessidades diversificadas, para que possa existir uma eficaz articulação disciplinar.
Todo o trabalho pedagógico implica um esforço, a que se juntaram dificuldades acrescidas das condições de trabalho e da matriz organizadora da instituição escolar numa escola em transformação.
Os novos elementos de avaliação, na constante mudança e complexidade, são na minha opinião um entrave a todo o processo educativo e ao processo de avaliação tanto de alunos como de professores.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
domingo, 7 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
resposta às cartas de desamores… dando cumprimento
Emergir nos 5O0 anos com amores e desamores compôs o meu anúncio no jornal, não vá o Diabo lembrar-se e defender-me de prejuízos causados por danos amorosos, não pensados, vividos a fundo sem explorar a alminha com quem partilhava tal amor, sem desconfianças, sem pensar nos danos causados…. As demandas e imprudências em cismas de novelas Mexicanas.
Como solução, para minimizar os prejuízos emocionais, declaro que assumo a minha parte de responsabilidade, das minhas necessidades básicas e humanas, sem restrições do exercício da sexualidade.
Na minha postura feminina desresponsabilizo-me por qualquer dano causado nestes seres, gajos!...ser amoroso e com limitações advindas, onde o macho outorga um papel paternalista e exige uma postura da submissão feminina em parâmetros idealizados.
Dados como provados os seguintes factos: Rescisão do amor por negligência, má-fé, violando os deveres de cooperação, coabitação, assistência, desajeitando o trabalho e comprometendo a possibilidade da vida em comum.
Na gravidade da violação do dever amoroso, venho por este modo disciplinando as actividades em escrituras públicas de inventários, partilhas e separações.
Faz também saber, que não me responsabilizo por depressões, queda de cabelo, descompensações, quistos, mal entendidos, etc…
Ocupo um espaço num programa equacionado de forma a ordenar e reparar as emoções na dimensão bi(o) polares Ódio / Amor.
Quem quiser explorar o desígnio em expressões abstractas, sem citações bíblicas e sem vícios sociais, faça o favor de se acomodar à sua vontade sem querer parecer bem!... Cante uma canção de amor, amue, pinte, mas compreenda inteiramente a verdade em estado de consciência sem ofensivas.
Se alguém souber de algum impedimento, deve acusá-lo nos termos da lei e para fins de direito.
Publique-se. Cumpre-se
E “fomos felizes para sempre”.
Lolita Aparícia, num fetiche.
Boa Vida, 5 de Junho de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
"Obra" Adília Lopes
Obra
Autora:Adília Lopes
(Nascida em Lisboa em 1960)
Poetisa, cronista e tradutora
Editor - Mariposa Azual
Escolhi Adília não hoje, mas há muitos anos, já ela me convidava a conhecer os gatos dela mesmo sabendo que sou alérgica a gatos.
Não gosto de casamentos mas gostei particularmente do casamento de Adília no Tapete de Arraiolos da sala de jantar. Os convidados somos todos nós, leitores, e não há melhor amor quando é espontâneo, sem pensarmos nas manchas que eventualmente sugam ou sujem o tapete da nossa alma que passará a ter de certeza cores diferentes.
Nada, melhor do que estar apaixonada, ou pior do que estar a viver em estado de tintas fixas em loucos sonhos sem lamentos, sem pensarmos nos erros de ortografia e na gramática da moral.
Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, leva-me a subir a bainha da saia e mostrar o prazer de ler e entrar nos conflitos dos relacionamentos onde a música ajeita o corpo em sons que se perdem nas minhas células em Êxtase cósmico.
Foi com Adília que me deixei apaixonar sem que seja necessário o “objecto” amado, é deixar fluir a vida, os sonhos do quotidiano, secretos “objectos” do imaginário.
Nas pontas das palavras em passos miudinhos onde o mundo amadurece, desvinculada do moral, Adília sugere-nos um programa como directora artística de uma “Obra” de tangos cheia de desafios, uma dança a par com malícia literária de um estilo próprio. Adília Lopes deu-me o (en)canto de identificação de um dialogo novo, do exótico, do sensual, dos paradoxos.
Reivindica o seu sexo, uma mulher bela «nu» espelho mágico, “uma mulher tão depressa era feia era bonita” – A Bela Acordada, pag. 300.
“Obra”, a sua certidão, a autobiografia.
“Pinto para dar uma face ao medo” disse Paula Rego uma das mais conceituadas pintoras, assim identifico e relaciono a ilustração da capa e contra capa da “Obra”, forma da artista se comprometer com os sonhos de Adília Lopes.
Gostava de conhecer Adília Lopes em pessoa.
Maria Teresa Macedo
Adília Lopes - "Louvor do lixo"
segunda-feira, 27 de abril de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
Excerto de Branca de Neve de João César Monteiro
(texto de Robert Walser)
A suaPaixãoé oAZUL, preferia o vermelho vice eversa…
Mudou de morada… vive nas nuvens, bem pertinho do AZUL, oSOLtambém lá está. Uma questão de dignidade, sentidos, sentimentos, emoções, é uma coisa boa.
Redescobrir a minha liberdade, uma espécie de regeneração.
Algum esclarecimento, disponham.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Paula REGO (1935)
Paula REGO (1935)
“Pinto para dar uma face ao medo”, disse um dia uma das mais conceituadas pintoras do meio artístico britânico. Paula Figueiroa Rego nasceu em Lisboa, em 1935. Oriunda de uma família da alta burguesia, frequenta o colégio St Julian’s, no Estoril. Os professores cedo reconhecem o seu talento para a pintura e incentivam-na a prosseguir uma carreira que em Portugal estava destinada aos homens ou a jovens de sociedade, enquanto breve devaneio diletante, antes de se tornarem esposas e mães. O término dos estudos em Londres determinaria um outro futuro; aceite pela Slade School of Art (1952-1956), Paula Rego conhece o pintor Victor Willing, com quem vem a casar, e aprende a fazer “arte de adulto”, como chama à pintura de cavalete. Gestualista e espontânea, habituada a desenhar no chão, em contacto directo com os objectos da pintura, esta nova forma de criar afasta-a do seu universo infantil, das estadas na Ericeira em casa dos avós paternos, das histórias terríficas da tia Ludgera, das ilustrações do Blanco y Negro e do Pluma y Lapiz do avô, e dos livros ilustrados com gravuras do pai. A viver na Ericeira (1957-1962) após o nascimento da primeira filha, é numa ida a Londres, dois anos depois, que Paula Rego encontra Dubuffet e, com ele, a libertação. A Arte Bruta vinha justificar a sua necessidade de romper com o instituído e com a conformidade hipócrita que exalavam da ditadura de Salazar e da moral bafienta de uma religião com que não se identificava. A violência de Salazar Vomitando a Pátria (1960) encontra eco noutras obras deste período. Dentes, vómito, sangue, garras, excrementos e órgãos sexuais são lançados na tela num ímpeto feroz, apenas refreado pela técnica da colagem de fragmentos de jornal, inquietantes testemunhos de um presente compactuante com o estado das coisas. Cães Vadios (1965) é outra parábola à opressão da ditadura, esta baseada num artigo de jornal sobre o envenenamento de cães vadios em Barcelona. À falta de imagens impressas, Paula Rego desenha as figuras, que recorta, cola e repinta, num ritual de mutilação que não é alheio ao acto criativo.Os anos 60 são pontuados por exposições colectivas em Inglaterra e pela primeira individual em Portugal, na Galeria de Arte Moderna, nas Belas-Artes (1965-1966), onde é muito bem recebida pela crítica.Os anos 70 foram anos de consolidação e de mudança: ganha uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para fazer pesquisa sobre contos infantis (1975); figura com onze obras na exposição Arte Portuguesa desde 1910 (1978); dá-se a falência da empresa familiar e a venda da quinta da Ericeira (1979) e instala-se definitivamente em Londres com a família. As colagens dos anos 70 seriam as últimas. Paula Rego ansiava por voltar à pintura, mais livre, mais directa. A morte do pai, em 1966, marcou um regresso ao desenho, que se assume em definitivo na série de acrílicos sobre papel O Macaco Vermelho (1981). O seu mundo intimista, de memórias infantis, inspirado em dados reais ou imaginários, mas sempre conscientes, é agora interpretado por figuras antropomórficas. O macaco, o leão e o urso, saídos de um teatro de criança de Vic Willing, interpretam as histórias que Paula Rego inventa ou recria. O quotidiano e os dramas humanos são aqui retratados com uma mestria que atinge o seu culminar na série de grande formato das óperas (1983) e no cinemático Muro dos Proles (1984), de mais de seis metros de comprimento, inspirado na obra literária de George Orwell. As histórias desfilam em sequências ordenadas, em que os referentes são mais ou menos óbvios e em que predominam uma sexualidade e uma agressividade perturbantes. Os personagens, saídos do catálogo da Disney ou de ilustrações de contos infantis, actuam como figuras de Bosh, dignos habitantes de um Inferno contemporâneo. A viragem radical dá-se com a série da menina e do cão. A figura feminina assume claramente a liderança na acção, enquanto o cão é subjugado e acarinhado. A menina faz de mãe, de amiga, de enfermeira e de amante, num jogo de sedução e de dominação que continua em obras posteriores. Sentimentos e papéis debatem-se num merry-go-round onde dominadores e dominados se confundem. Tecnicamente as figuras ganham volume, o espaço ganha solidez e autonomia, a perspectiva cenográfica está montada. Em 1987, Paula Rego assina com a galeria Marlborough Fine Art, o passo que faltava para a divulgação internacional. A morte de Vic nesse ano é assinalada em obras como O Cadete e a Irmã, A Partida, A Família ou A Dança, de 1988, em que o espectro da separação e a autonomia da mulher em relação ao elemento masculino estão presentes. A convite da National Gallery, em 1990, Paula Rego ocupa um ateliê no museu e pinta várias obras inspiradas na colecção. Tempo – Passado e Presente (1990-1991) conclui a série das despedidas, numa recriação feliz de momentos da infância, de referências aos clássicos e de vivências quotidianas. Em 1994, realiza a série de pinturas a pastel intitulada Mulher-Cão, que marca o início de um novo ciclo de mulheres fortemente simbólicas, representadas sozinhas, mas aparentemente escravizadas a algum parceiro ausente ou imaginário (Fiona Bradley, 1997). Esta espécie de regressão, do humano ao animal, tem paralelo na série do Aborto (1997-1999), crítica aberta ao referendo que em Portugal justificou a continuação da criminalização do aborto. Nesta série, a mulher é colocada numa situação de vulnerabilidade, sustentada por posturas menos dignas ou incómodas pelo significado que encerram. Não há alegoria ou parábola. A realidade invisível, apenas sugerida, é mais desconfortável do que a delação de situações sociais da série inspirada nos desenhos de Hogarth (Betrothal, 1999), ou do que a subversão de temas religiosos (série O Crime do Padre Amaro, 1997-1998; Marta, Maria e Madalena, 1999). Mães e filhas, passado e presente, crescimento e envelhecimento atravessam A Casa de Celestina (2000-2001), palco privilegiado onde desfilam as mulheres da vida de Paula Rego, as mulheres da nossa vida, num banquete em que o ar ausente dos actores garante que, ali naquele momento, se alimentam apenas de sonhos. Sonhos de quem não queria crescer.
SANDRA SANTOS
domingo, 29 de março de 2009
MANIFESTO ANTI-DANTAS
Manifesto Anti-Dantas
Pela polémica que detonou, é talvez o texto doutrinário mais conhecido de Almada. Foi escrito em 1912, mas impresso sobre papel de embrulho em Abril de 1913.
"O Manifesto" é um texto que maldiz uma das figuras da literatura portuguesa que, durante algumas décadas, representou a cultura académica e conformista, influenciando todo um conjunto de escritores, jornalistas, políticos e actores. Trata-se de Júlio Dantas, cuja peça de teatro "Mariana Alcoforado" foi satirizada em jeito de caricatura social, por Almada
Numa passagem de "O Manifesto", o futurista critica Dantas deste modo: «Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Dantas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrizinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Dantas!»
...para acabar de vez com a cultura... ou não!
Depois digam que diferenças encontram no Portugal século XXI...
"Ideia segundo o texto de Almada Negeiros sobre julio dantas. O original é melhor... e eu ao pé do Mario Viegas, é comparar o olho do cu com a feira de beja". João Arzileiro
terça-feira, 10 de março de 2009
Arte cinética
Theo Jansen é um engenheiro artista que pretende estudar o progresso da mobilidade e esculpir o ar que nos rodeia dando-lhe vida, dimensão e forma, ultrapassando as fronteiras do que sabemos e sentimos.
quarta-feira, 4 de março de 2009
DIA INTERNACIONAL DA MULHER 8 de Março
A Origem do Mundo - Gustave Courbet
1866 Courbet era já um pintor conhecido em França pela sua destreza técnica mas sobretudo pela sua atitude crítica e corrosiva em relação à sociedade e moral burguesas, que não perdia ocasião de afrontar. Courbet era um socialista convicto, arrogante e auto confiante.